61º Congresso de Ginecologia e Obstetrícia da Febrasgo – CBGO 2023

Dados do Trabalho


TÍTULO

O reforço endocervical impacta o desfecho de mulheres no tratamento excisional das lesões precursoras do câncer do colo útero?

OBJETIVO

Descrever os resultados do reforço endocervical realizado em mulheres submetidas à tratamento excisional (LEEP) e analisar a associação com o status das margens do fragmento principal e taxas de recidiva.

MÉTODOS

Estudo de coorte retrospectiva que incluiu mulheres com diagnóstico citológico de lesão intraepitelial escamosas de alto grau (HSIL) e tratadas por método excisional. A amostra por conveniência incluiu todas as mulheres tratadas no serviço de referência de janeiro de 2017 a julho de 2020. Após aplicação dos critérios de exclusão, incluindo suspeita ou confirmação no diagnóstico final de doença micro- ou invasiva, a amostra final foi de 440 mulheres. Destas, em 80 casos foi realizada a complementação imediata do procedimento com uma segunda passada de alça no canal endocervical (Grupo reforço endocervical – RE). O grupo RE foi comparado com as mulheres não submetidas ao reforço (NRE). O desfecho principal foi o resultado histológico (diagnóstico final), se negativo (negativo ou neoplasia intraepitelial cervical grau 1) ou se neoplasia intraepitelial cervical grau 2 ou 3 (NIC2/3). Outras variáveis foram margens, idade, zona de transformação (ZT), profundidade do fragmento e taxas de recidiva. Para as análises foram utilizados os testes de Qui-quadrado e regressão logística.

RESULTADOS

O grupo RE foi mais predominantemente formado por mulheres de 40 anos ou mais (NRE 23,1% e RE 65,0%, p<0,001). Obter um diagnóstico final de NIC2/3 não foi diferente entre os grupos (NRE 17,0% e RE 21,3%, p=0,362). Também não foi observada diferença nas taxas de recidiva (NRE 12,0% e RE 9,0%, p=0,482). Das 80 mulheres submetidos ao reforço, em oito o resultado deste fragmento foi NIC2/3. Um resultado no fragmento do reforço negativo foi relacionado à margem endocervical negativa em 83,3%, e um resultado NIC2/3 relacionou-se com a margem NIC2/3 em 62,5% (p=0,009). A chance de obter um resultado negativo foi 22,4 vezes maior (2,4-211,0) quando a margem endocervical do fragmento principal foi negativa, e 14,5 vezes maior (1,5-140,7) quando a margem ectocervical no fragmento principal foi negativa.

CONCLUSÃO

O reforço endocervical não alterou o diagnóstico final de mulheres submetidas à excisão com diagnóstico final de neoplasia intraepitelial. Não foi observado impacto na recidiva. O procedimento deve ser evitado em mulheres em idade reprodutiva.

PALAVRAS-CHAVE

Neoplasias do colo do útero; Neoplasia intraepitelial cervical; Colposcopia; Conização; Top-Hat

Área

GINECOLOGIA - Patologia do Trato Genital Inferior

Autores

Juliana Yoko Yoneda, Samanta Santos Sousa, Janaína Alves Hora, Juliana Oliveira Fernandes, Érika Marina Negrão, Aline Evangelista Santiago, Sophie Derchain, Diama Bhadra Vale