Dados do Trabalho

TÍTULO

Efeito da distância entre a residência das pacientes e os Centros de Referência em doença trofoblástica gestacional no seguimento e prognóstico das mulheres com neoplasia trofoblástica gestacional.

OBJETIVO

Relacionar a distância percorrida da residência da paciente até o centro de referência (CR) em neoplasia trofoblástica gestacional (NTG) e a ocorrência de desfechos desfavoráveis.

MÉTODOS

Estudo multicêntrico nacional, de coorte retrospectiva, envolvendo pacientes com NTG tratadas entre 01/01/2000 e 31/12/2017 em oito CR brasileiros. Desfechos estudados: ocorrência de doença metastática, necessidade de poliquimioterapia, abandono do tratamento, quimiorresistência, recidiva e óbito por NTG. Utilizou-se curva característica de operação do receptor (ROC) para determinar a distância entre a residencia e o CR-NTG a partir da qual houvesse maior ocorrência dos desfechos avaliados, baseando-se no índice de Youden. Modelo de regressão de Poisson foi empregado para testar os coeficientes de regressão (risco relativo-RR e intervalo de confiança de 95%-IC95%) (SAS, versão 9.4). Como a população do estudo incluiu todas as participantes com NTG elegíveis, foi realizado cálculo do poder do estudo post-hoc (PSS Health). O poder de testar se há diferença entre os percentuais de doença metastática, necessidade de poliquimioterapia, abandono do tratamento, quimiorresistência, recidiva e óbito por NTG, considerando o ponto de corte de 56 quilômetros (km) para a distância entre a residência e o CR-NTG, foi de 99%, 80%, 94%, 92%, 94% e 89% respectivamente, considerando um nível alfa de 5%.

RESULTADOS

.Avaliando 1.055 casos de NTG e usando uma curva ROC, encontrou-se que a distância de 56km entre a residência até o CR-NTG foi a que melhor previu a ocorrência de, ao menos, um dos desfechos primários. A regressão logística multivariada, ajustada para idade, etnia, estado civil e localização do CR-NTG, mostrou que quando a distância entre a residência e o CR-NTG era ≥ 56km, havia aumento na ocorrência de doença metastática (RR: 3,27; IC95%: 2,20-4,85), necessidade de poliquimioterapia (RR: 1,36; IC95%: 1,05-1,76), abandono do tratamento (RR: 4,52; IC95%: 1,93-10,63), ocorrência de quimiorresistência (RR: 4,61; IC95%: 3,07-6,93), recidiva (RR: 10,27; IC95%: 3,08-34,28) e óbito por NTG (RR: 3,62; IC95%: 1,51-8,67).

CONCLUSÃO

A distância entre a residência e o CR-NTG é fator de risco para desfechos desfavoráveis, inclusive óbito por essa doença. É crucial garantir que essas pacientes tenham acesso imediato ao CR-NTG e recebam suporte social para minorar o risco de abandono do tratamento durante a quimioterapia.

PALAVRAS-CHAVE

Neoplasia trofoblástica gestacional; Quimioterapia; Metástase.

Área

OBSTETRÍCIA - Gestação de alto risco