Dados do Trabalho
TÍTULO
GESTAÇÃO TRIGEMELAR COM PAR MONOCORIÔNICO COMPLICADO PELA SEQUÊNCIA TRAP TRATADO COM LASER
CONTEXTO
A sequência TRAP, do inglês twin resersed arterial perfusion, é uma condição rara, com incidência de aproximadamente 1/11.000 gestações. Acometendo gestações gemelares monocoriônicas, acredita-se que a fisiopatologia esteja relacionada a anastomoses artério-arteriais entre os vasos umbilicais, com um feto morfologicamente normal, chamado feto bomba, e outro com coração rudimentar ou ausente associado a alterações morfológicas, ou até uma aparência amorfa, chamado feto acárdico, sendo este perfundido pelo fluxo reverso nas anastomoses oriundo apenas do coração do feto bomba, levando principalmente este, a sobrecarga cardíaca. O manejo pré-parto é controverso, e podem ser consideradas a conduta expectante ou abordagem intrauterina com objetivo de garantir a sobrevivência e o parto mais próximo possível do termo.
DESCRIÇÃO DO(S) CASO(S) ou da SÉRIE DE CASOS
Gestante sem comorbidades, iniciou acompanhamento na instituição com 17 semanas, onde foi constatada gestação trigemelar, dicoriônica triamniótica com par monocoriônico complicado pela sequência TRAP, e feto bomba sem alterações morfológicas ou dopplerfluxométricas. Indicado seguimento ultrassonográfico semanal. Com 18 semanas, o feto bomba apresentou diástole zero intermitente sendo indicada e realizada fetoscopia com ablação a laser do cordão umbilical do feto acárdico. Às 20 semanas de gestação, o feto bomba apresentava fluxo da artéria umbilical com diástole presente e acárdico sem fluxo, seguindo então avaliação semanal, onde com 21 semanas evidenciou-se restrição seletiva tipo 1 de Gratacós no feto em questão, que no decorrer do seguimento evoluiu com diástole zero na artéria umbilical, sendo discutida a interrupção da gestação com 34 semanas após corticoterapia. Cesariana realizada sem intercorrências com nascimento de fetos vivos com boa vitalidade.
COMENTÁRIOS
A sequência TRAP é uma complicação que possui alta taxa de mortalidade (de até 50%) do feto bomba. É indicada a avaliação ultrassonográfica seriada, e através da análise de fatores que favorecem o risco de óbito fetal intraútero, pode ser empregada a abordagem intrauterina. Normalmente é realizado por volta de 16 a 18 semanas e por técnica minimamente invasiva, como oclusão do cordão umbilical por fetoscopia ou ablação dos vasos do feto acárdico por punção guiada, não havendo um método unanime de eleição.
PALAVRAS-CHAVE
Gestação gemelar; monocoriônica; fetoscopia.
Área
OBSTETRÍCIA - Medicina fetal
Autores
Gustavo Siqueira de Castro, Louise Sowek, Caroline Garcia, Gisele Veiga, Jair Braga, Cristos Pritsivelis