61º Congresso de Ginecologia e Obstetrícia da Febrasgo – CBGO 2023

Dados do Trabalho


TÍTULO

Coarctação de Aorta corrigida durante a gestação: Relato de caso

CONTEXTO

A coarctação de aorta (CoA) é um estreitamento da aorta, normalmente localizada na inserção do canal arterial, distal à artéria subclávia esquerda. Esse defeito resulta em sobrecarga de pressão ventricular esquerda, sendo mal tolerado na gestação, por estar associado à hipertensão arterial, acidente vascular cerebral e à ruptura aórtica. Relatamos um caso de coarctação grave de aorta diagnosticada em gestante com 8 semanas de idade gestacional, submetida a cirurgia corretiva com 10 semanas, por toracotomia, sem necessidade de circulação extracorpórea e com boa evolução para parto vaginal a termo.

DESCRIÇÃO DO(S) CASO(S) ou da SÉRIE DE CASOS

Descrição do Caso: MFS, 20 anos, antecedente de estenose mitral. Realizou ecocardiografia com 8 semanas e 3 dias de gestação, com diagnóstico de CoA. A ressonância magnética evidenciou CoA grave abaixo da emergência da artéria subclávia esquerda e discreta hipoplasia de aorta pré-coarctação. Com 10 semanas foi realizada cirurgia corretiva de CoA por toracotomia e anastomose término-terminal, com anestesia peridural e geral, sem necessidade de circulação extracorpórea. Parto fórcipe vaginal com 40 semanas; evoluiu com hipertensão arterial sistêmica no puerpério imediato, com boa evolução. Recém-nascido de 3415g, 50,5 cm, Apgar 2/8, Capurro 38+4. Após 4 anos paciente iniciou nova gestação que evoluiu sem intercorrências para parto fórcipe vaginal. Recém-nascido de 2940g, 44,5cm, Apgar 9/10 e Capurro 39+2. Na terceira gestação, ecocardiograma mostrou dilatação moderada de átrio esquerdo, estenose mitral moderada e insuficiência mitral leve. Fluxo aórtico turbulento na via de saída do ventrículo esquerdo com gradiente de pico de 15mmHg e médio de 9 mmHg. Com 39 semanas e 5 dias a paciente evolui para parto vaginal sem complicações. Recém-nascido de 3020g, 49cm, Apgar 9/10, Capurro 40+5.

COMENTÁRIOS

A CoA é mal tolerada durante a gestação devido às repercussões hemodinâmicas do ciclo gravídico, enquanto sua correção cirúrgica pode apresentar bons resultados gestacionais. O caso relatado apresenta discussão do dilema em se avaliar a necessidade de cirurgia cardíaca de alto risco em pacientes gestantes, dado o grande impacto negativo sobre a saúde fetal. Uma vez indicada, a intervenção cirúrgica realizada durante o segundo semestre gestacional, com técnica adequada, é capaz de obter resultados satisfatórios e duradouros no que diz respeito à sobrevida fetal e qualidade de vida materna.

PALAVRAS-CHAVE

Coarctação aórtica; gestação; resultados perinatais.

Área

OBSTETRÍCIA - Gestação de alto risco

Autores

Maria Carolina Moura Campos Montoro Gonçalves, Helaine Maria Besteti Pires Mayer Milanez, Juliana Ribeiro Roda , Adriana de Almeida Ueti , Pedro Paulo Martins de Oliveira , Joaquim de Paula Barreto Fonseca Antunes de Oliveira