61º Congresso de Ginecologia e Obstetrícia da Febrasgo – CBGO 2023

Dados do Trabalho


TÍTULO

Gravidez ectópica intersticial: um relato de caso

CONTEXTO

A gravidez ectópica corresponde à gestação cujo desenvolvimento do blastocisto ocorre fora da cavidade uterina. Caracteriza-se por atraso menstrual, dor abdominal e sangramento vaginal, sendo confirmada por beta-HCG de elevação irregular e ultrassom endovaginal. Sinais de abdome agudo instalam-se caso ocorra ruptura. A gravidez intersticial ocorre implantação no segmento proximal da trompa que penetra na parede uterina. O objetivo deste relato é destacar uma patologia rara, mas que tem apresentado aumento na ocorrência e com alto índice de morbimortalidade.

DESCRIÇÃO DO(S) CASO(S) ou da SÉRIE DE CASOS

Gestante de 10 semanas, 40 anos, G5PN4A0, hígida, admitida no contexto de gravidez, assintomática, com ultrassom detectando gravidez ectópica. Ao exame, paciente estável, abdome indolor, sem irritação peritoneal ou massas palpáveis e ausência de sangramento. Ultrassonagrafia: saco gestacional maior diâmetro de 4cm, BCF presente, em região intersticial à direta. Diante da impossibilidade de tratamento clínico, a paciente foi submetida à laparotomia exploradora. Evidenciou-se massa íntegra de aproximadamente 6cm em corno uterino direito. Realizada incisão em elipse de região uterina acometida com retirada completa da massa com salpingectomia à direta. Paciente estável durante procedimento.

COMENTÁRIOS

Gravidez ectópica é a principal causa de morte materna no primeiro trimestre. Apesar de ser o tipo mais raro de implantação tubária, a incidência de gestação intersticial aumentou nos últimos anos por estar intimamente relacionada à cirurgia tubária e à reprodução assistida. Caracteriza-se por maior potencial de complicações, como ruptura uterina e hemorragias graves, mesmo em estágios iniciais devido às anastomoses entre artérias uterinas e ovarianas. O diagnóstico pode ser tardio, em pacientes assintomáticas ou com sintomas inespecíficos, uma vez que o local de desenvolvimento do ovo possui grande capacidade de distensão. O tratamento deve ser individualizado, considerando valor de beta-HCG, achados do ultrassom (integridade e tamanho da massa gestacional, presença de batimentos fetais), hemodinâmica da paciente e disponibilidade de tratamento. Sobre o relato de caso, optou-se pelo tratamento cirúrgico pela técnica de cornuectomia. Outras opções incluem via laparoscópica e a técnica de cornuostomia. É importante destacar que diagnóstico e tratamento precoces são essenciais para sobrevida e manutenção da fertilidade das pacientes.
*Trabalho submetido na Plataforma Brasil, aguardando número de CAAE.

PALAVRAS-CHAVE

Gravidez; obstetrícia; gravidez ectópica; gravidez intersticial; morte materna.

Área

OBSTETRÍCIA - Intercorrências cirúrgicas na gestação

Autores

Tancredo Alberto Bicalho Bretas, Victória Ruas Freire Costa, Anna Carolina Bovarêto Silveira, Sofia Magalhães Parreiras, Michele Cristina Machado Pinto, Larissa Medeiros Sant'Anna, Júlia Benevenuto Moreira, Mariana Barino Melo