61º Congresso de Ginecologia e Obstetrícia da Febrasgo – CBGO 2023

Dados do Trabalho


TÍTULO

Comparação entre métodos cirúrgicos no tratamento do abortamento incompleto: uma revisão sistemática

OBJETIVO

Comparar a relação risco-benefício da aspiração intrauterina manual (AMIU) à histeroscopia e à curetagem (D&C) no tratamento do abortamento incompleto, a partir da literatura disponível.

FONTE DE DADOS

Esta revisão foi construída a partir de artigos obtidos na base de dados MEDLINE, entre 16 e 17 de Junho de 2023, com frases de pesquisa compostas dos descritores: “abortion”, “vacuum curettage” e “hysteroscopy”, suas variações, obtidas pelo MeSH, além de “incomplete miscarriage(s)” e “vacuum aspiration”, não disponíveis nele.

SELEÇÃO DE ESTUDOS

Foram incluídos ensaios clínicos controlados e randomizados, estudos comparativos e estudos de coorte publicados nos últimos 10 anos, em inglês, culminando em cinco artigos selecionados.

COLETA E ANÁLISE DE DADOS

Foram extraídas variáveis relacionadas à formação de sinéquias intrauterinas, à taxa de sucesso em gestações futuras, às complicações durante o procedimento, ao tempo de hospitalização, à necessidade de reabordagem e a sangramentos. Três revisores foram responsáveis pela coleta e organização dos estudos em um sumário e posterior análise dos resultados.

SÍNTESE DE DADOS

Ao todo, 1420 pacientes foram analisadas nos cinco estudos. Na comparação entre a AMIU e a histeroscopia, não houve diferença significativa entre as taxas de fertilidade (p=0,23; 78.6% x 72.2%), recorrência de abortamento (9.1% x 14.8%) e remoção bem sucedida dos restos ovulares (95.7% x 96.8%). Além disso, a AMIU apresentou como vantagem um menor tempo de procedimento e de hospitalização (p<0.05) e menor necessidade de anestesia. No entanto, um estudo identificou um aumento significativo da taxa de intercorrências placentárias no terceiro período do parto (p<0.001) e da recorrência de restos ovulares (p=0.015), em gestações subsequentes, após o uso da AMIU. Em um estudo, houve a necessidade da conversão da histeroscopia para a AMIU em 7% de seus casos devido a impossibilidade de ressecção completa, visualização prejudicada e complicações na anestesia, o que não foi relatado com a AMIU. A D&C, quando comparada a AMIU, foi considerada um fator de risco para a ocorrência de sinéquia intrauterina (P=0.003) e apresentou necessidade de reabordagem com AMIU em úteros de tamanho aumentado, porém seus tempos de procedimento e taxa de sangramento foram semelhantes, mas maiores para a D&C.

CONCLUSÃO

A AMIU é um método seguro, mais simples, com baixas taxas de complicações e satisfatória preservação da fertilidade. O histórico da paciente deve ser levado em consideração em gestações subsequentes, de modo a definir melhor abordagem do parto.

PALAVRAS-CHAVE

Aborto Incompleto; Dilatação e Curetagem; Curetagem a Vácuo; Histeroscopia

Área

OBSTETRÍCIA - Intercorrências cirúrgicas na gestação

Autores

Brenda Pereira da Costa Martiniano, Joana Loury Pinheiro de Oliveira, Larissa Rodrigues Sotto-Maior, Leonardo Pandolfi Caliman