Dados do Trabalho

TÍTULO

Manejo de Carcinoma de Células Renais em Gestante

CONTEXTO

Os tumores do trato urinário estão entre os 10 tumores malignos mais comuns na população geral. Na gestação, são responsáveis por cerca de 0,1% das neoplasias diagnosticadas, sendo o carcinoma de células renais o subtipo mais comum, presente em 50% das gestantes com este diagnóstico. Essa baixa ocorrência faz com que o diagnóstico do tumor renal durante a gestação seja raramente descrito. O tratamento de escolha desse tipo de neoplasia é a abordagem cirúrgica, mas durante a gravidez permanece um desafio. A seguir, apresentamos um relato de caso de gestante com diagnóstico de Carcinoma de Células Renais.

DESCRIÇÃO DO(S) CASO(S) ou da SÉRIE DE CASOS

Gestante, 36 anos, com idade gestacional de 27 semanas e 1 dia, encaminhada ao ambulatório de pré natal de alto risco pela urologia por tumoração renal evidenciada em ressonância magnética descrita como ‘volumosa lesão com epicentro presumido do pólo renal superior esquerdo, predominantemente exofítica, exibindo componente cístico e necrótico de permeio, além de discretos focos sugerindo conteúdo hemático, medindo cerca de 15,7 X 12,8 X 13,4 cm, sem sinais inequívocos de infiltração, descoberta incidental em exame ultrassonográfico com valores de creatinina e ureia dentro da normalidade. Levantada hipótese de neoplasia e indicada nefrectomia pela urologia. Após discussão multiprofissional com paciente e as equipes de ginecologia, oncologia, urologia e neonatologia, paciente foi submetida à cesárea eletiva com idade gestacional de 32 semanas e 4 dias, após corticoterapia para maturação pulmonar, sem intercorrências. Nefrectomia radical a esquerda laparoscópica, bem-sucedida, foi realizada 2 semanas após o parto, demonstrando tumor primário medindo 11,0 x 8,5 x 8,5 cm, limitado ao rim e com anatomopatológico de carcinoma de células renais do tipo células claras, grau 3 histológico, ausência de áreas sarcomatoides e/ou rabdóides e com margens livres.

COMENTÁRIOS

Em de ocorrência da raridade de acometimento de câncer de células renais na gestante, faz-se necessária a discussão das possibilidades terapêuticas e seus riscos à gestação, sendo importante considerar a viabilidade fetal na elaboração de intervenção. As cirurgias abdominais não obstétricas devem ser evitadas no período gestacional devido aos riscos inerentes ao feto. No caso em questão deve-se considerar a lenta progressão do Tumor de Células Renais, aproximadamente 0,28 cm ao ano, para postergar a ressecção cirúrgica da neoplasia apenas após interrupção da gestação com feto viável.

PALAVRAS-CHAVE

Carcinoma de Células Renais, Gestação, Viabilidade Fetal