61º Congresso de Ginecologia e Obstetrícia da Febrasgo – CBGO 2023

Dados do Trabalho


TÍTULO

Repercussões perinatais após um ano da vigência da lei 17.137 que permite cesárea por desejo materno

OBJETIVO

Avaliar as repercussões perinatais nas puérperas e recém nascidos, em uma maternidade de baixo e médio risco, após a vigência da Lei 17. 137, que garante a cesárea por desejo materno.

MÉTODOS

Foi realizado uma coorte retrospectiva, em uma maternidade de baixo e médio risco, em Ribeirão Preto - SP. Os dados foram coletados de prontuários médicos das puérperas e recém nascidos que tiveram o parto de 23 de agosto de 2019 a 30 de junho de 2020. Antes da Lei 17.137 a maternidade tinha uma taxa de cesárea entre 32-38% seguindo indicação médica.

RESULTADOS

Foram avaliados 1.020 pares de mulheres e seus recém-nascidos (RN). A idade média das mulheres que tiveram parto foi de 26,1 ±6,01 anos, sendo 770 (75,4%) brancas, 659 (64,7%) casadas ou em união estável, 550 (15,5%) com ensino médio completo e 605 (59,4%) com emprego remunerado. 485 (47,54% eram primigestas, a maioria 737 (73%) realizou mais 9 consultas pré-natais com 574 (56,4%) não apresentando doença na gestação e 443 (43,5%) apresentando algum tipo de doença, sendo infecção de urina e bacteriúria assintomática prevalente em 336 (75,8%) das gestantes. Em relação ao tipo de parto, 491 (48,1%) realizaram cesáreas, sendo 219 (44,6%) por desejo materno. Houve 513 (50,3%) partos normais sendo 206 (39%) com analgesia. Não houve diferença significativa entre as complicações maternas relacionados a via de parto, no entanto, as complicações na cesárea foram mais graves, como um caso de histerectomia e 1 de evisceração após cesárea por desejo materno (complicações no parto normal 29 (5,4%) e 26 (5,29%) na cesárea, p=0,9). Das complicações neonatais encontramos desconforto respiratório como a mais frequente, icterícia e hipoglicemia, dentre outros, não havendo diferença significativa relacionada a via de parto. Os RNs de parto normal tiveram mais necessidade de fototerapia que os nascidos de cesárea (38 - 6,9% vs 18 - 3,6%, casos, respectivamente, p < 0,0001), porém houve mais necessidade de reinternação nos RNs nascidos de cesárea (13 - 7,7% cesáreas e 11 - 1,9% normal, p=0,03) e transferência para unidade de cuidados intermediários neonatal (UCI), apesar do p=0,95.

CONCLUSÃO

As mulheres do estudo tinham características sociodemográficas privilegiadas. Após a vigência da Lei 17.137, 44,6% tiveram cesárea por desejo materno e, assim, a taxa de cesárea aumentou para 48,1%. Entretanto, houve aumento da necessidade de recursos do serviço de saúde sem melhora dos desfechos perinatais.

PALAVRAS-CHAVE

parto normal; cesárea; complicações.

Área

OBSTETRÍCIA - Estratificação de risco em Obstetrícia

Autores

Ana Beatriz Dalla Déa Trombini, Gabriella Medeiros Melo, Iasmim Vieira Mendonça, Mariana Marcelino Riccio, Daniela Alvez Malzone Lott, Giordana Campos Braga, Juliana Arenas de Carvalho Augustin