61º Congresso de Ginecologia e Obstetrícia da Febrasgo – CBGO 2023

Dados do Trabalho


TÍTULO

HISTERECTOMIA VAGINAL NO TRATAMENTO DE CÂNCER DE ENDOMÉTRIO DE BAIXO RISCO: TÉCNICA, CUSTOS E RESULTADOS PERIOPERATÓRIOS E ONCOLÓGICOS

OBJETIVO

Descrever técnica operatória e avaliar custos e desfechos perioperatórios e oncológicos da histerectomia vaginal no tratamento de pacientes com câncer de endométrio de baixo risco.

MÉTODOS

Foram revisados retrospectivamente os prontuários de pacientes submetidas a histerectomia vaginal para tratamento de lesões precursoras e invasivas do endométrio, entre abril de 2019 e novembro de 2021, em um centro único em São Paulo. Os dados obtidos incluíram comorbidades, diagnóstico histológico pré e pós-operatório, desfechos perioperatórios, custos, tratamentos adjuvantes e desfechos oncológicos.

RESULTADOS

Foram incluídas 34 pacientes, com média de idade de 61,9 anos e de índice de massa corporal (IMC) de 34. Medidas de capacidade funcional pré-operatórias encontradas foram ECOG 0-1 e ECOG-2, para 91% e 9% das pacientes, respectivamente. Comorbidades clínicas comumente observadas incluíram obesidade (77%), hipertensão (68%) e diabetes (35%); 61% das pacientes apresentava duas ou mais comorbidades. Os tempos médios de cirurgia e de internação foram 109 minutos e 1,2 dias, respectivamente. Quatro (12%) pacientes tiveram conversão da via cirúrgica para laparotomia; 2 casos por sangramento e 2 por dificuldades técnicas. Nenhuma complicação grave intra-operatória foi observada. As pacientes submetidas à conversão cirúrgica apresentavam maior volume uterino (227 vs 107 ml, p=0,006) e tiveram maior tempo operatório (177 vs 96 min, p=0,001). O custo total do procedimento realizado por via vaginal foi, em média, R$ 10925,91, o que representou 47% do custo associado ao mesmo procedimento realizado por via não-vaginal. Vinte e oito pacientes receberam diagnóstico definitivo de carcinoma endometrióide de baixo grau; seis delas com diagnóstico definitivo de carcinoma de endométrio de risco intermediário, das quais três receberam radioterapia adjuvante. O seguimento médio foi de 20,0 meses para o grupo total e de 23,4 meses para o grupo de pacientes com diagnóstico de câncer. Houve 1 caso de recidiva de doença 16,6 meses após a cirurgia. Nenhum caso de óbito foi observado no período estudado.

CONCLUSÃO

A histerectomia vaginal demonstra potencial como uma opção custo-efetiva de tratamento de um grupo bem selecionado de pacientes com câncer de endométrio de baixo risco. O procedimento apresentou resultados perioperatórios favoráveis, complicações mínimas e resultados oncológicos promissores. Estudos prospectivos são necessários para validar esses achados e estabelecer diretrizes para seleção de pacientes.

PALAVRAS-CHAVE

Neoplasias do Endométrio; Histerectomia Vaginal; Avaliação de Custo-Efetividade

Área

GINECOLOGIA - Oncologia Ginecológica

Autores

Fernando de Souza Nobrega, Vanessa Alvarenga-Bezerra, Guilherme Bicudo Barbosa, Luisa Marcella Martins, Pedro Ernesto Di Cillo, Priscila Moura Queiroz, Rafael Salim, Renato Moretti-Marques