61º Congresso de Ginecologia e Obstetrícia da Febrasgo – CBGO 2023

Dados do Trabalho


TÍTULO

Impacto da pandemia de COVID-19 sobre as histerectomias abdominais por leiomioma

OBJETIVO

Avaliar o impacto da pandemia de COVID-19 sobre o volume de histerectomias abdominais devido a sangramento uterino anormal refratário por leiomioma, associado à incidência e gravidade da anemia.

MÉTODOS

Série temporal com 545 pacientes submetidas a histerectomia total abdominal por leiomioma entre abril/2019 e março/2022, divididas em grupo 1 (pré-pandemia), grupo 2 (pandemia) e grupo 3 (pós-flexibilização). Os níveis de hemoglobina foram mensurados antes do procedimento com grau de anemia classificado em leve (11,0-11,9mg/dL), moderado (8,0-10,9mg/dL) e grave (< 8,0 mg/dL). Os grupos foram analisados estatisticamente em relação a quantidade de cirurgias, idade, grau de anemia, volume uterino à ultrassonografia e peso dos produtos cirúrgicos através de variáveis categóricas descritas em frequências simples e percentuais (%) analisadas por meio do teste Qui-quadrado, e, variáveis quantitativas através de médias e desvios-padrão (DP) por meio do teste T de Student com significância estatística para intervalo de confiança limite de 95% (p<0,05).

RESULTADOS

Entre as 545 cirurgias realizadas, 222 (40,7%) ocorreram antes da pandemia, 99 (18,2%) durante a pandemia e 224 (41,1%) após flexibilização, com redução em 55% do volume cirúrgico no período da pandemia. A média de idade foi 44,4 ±5,1; 44,3±5,9; e 45,6 ±5,6 anos nos grupos 1, 2 e 3, respectivamente (p=0,031). O volume médio uterino (cm³) foi 598,0; 569,0 e 520,0 nos grupos 1, 2 e 3, respectivamente (p=0,591). O peso médio das peças cirúrgicas (gramas) foi 539,0; 615,0 e 553,5 nos grupos 1, 2 e 3, respectivamente (p=0,567). Anemia leve esteve presente em 14,9%, 9,1% e 13,4% nos grupos 1, 2 e 3, respectivamente. A anemia moderada esteve presente em 10,4%, 18,2% e 18,3% nos grupos 1, 2 e 3, respectivamente. A anemia grave esteve presente em 11,7%, 1,0% e 4,9% nos grupos 1, 2 e 3, respectivamente. Houve diferença estatisticamente significativa entre os grupos (p=0,001).

CONCLUSÃO

A pandemia de COVID-19 reduziu em aproximadamente 50% as histerectomias abdominais por leiomioma devido ao isolamento social e à restrição de cirurgias eletivas no período. Além disso, observou-se uma redução dos casos de anemia grave nesse grupo, podendo estar associado a um maior investimento em terapêuticas clinicas diante da impossibilidade cirúrgica, ou mesmo relacionado à ação do vírus SARS-CoV-2 sobre o leiomioma e o padrão de sangramento, pois não ocorreram variações dimensionais nas peças cirúrgicas nos três períodos.

PALAVRAS-CHAVE

Leiomioma; Histerectomia; Anemia; SARS-CoV-2

Área

GINECOLOGIA - Cirurgia Ginecológica

Autores

Luísa Guedes Braga, Isadora Teixeira Nunes de Miranda, Lucas Lobato Vieira de Moraes, Jordana Campos Queiroz, Fernanda Vieira Penha, Luís Carlos Sakamoto, Maria Lúcia Savioli Zamataro