61º Congresso de Ginecologia e Obstetrícia da Febrasgo – CBGO 2023

Dados do Trabalho


TÍTULO

Inversão uterina: o desafio do diagnóstico ao tratamento conservador, um relato de caso

CONTEXTO

A inversão uterina puerperal se trata de uma emergência obstétrica associada a altas taxas de mortalidade materna. Os casos subagudos são raros e seu prognóstico se relaciona diretamente com a agilidade da intervenção terapêutica. Quanto mais precoce o diagnóstico, maior a chance de reestabelecer a anatomia do útero, diminuindo assim sequelas funcionais do órgão reprodutor feminino.

DESCRIÇÃO DO(S) CASO(S) ou da SÉRIE DE CASOS

Primigesta, 34 anos, 40 semanas e 5 dias e risco habitual. Internou em trabalho de parto espontâneo. Evoluiu para parto normal com nascimento de RN vivo, APGAR 8/9, peso 3250 gramas. No 4º período, apresentou hemorragia puerperal logo após dequitação, que foi espontânea, completa e após 20 minutos do parto. Administrado ocitocina e misoprostol via retal como forma de tratamento da hipotonia uterina. Nas 24 horas seguintes ao parto, apresentou tenesmo miccional, disúria e retenção urinária. Teve alta hospitalar 72 horas após afastado infecção do trato urinário.
Retorna a emergência 5 dias pós-parto com persistência dos sintomas urinários e febre, sem instabilidade hemodinâmica, e palpação do abdome sem definição clara do fundo uterino. No exame especular foi observado volumosa formação arredondada, de superfície acastanhada com pontos hemorrágicos, ocupando toda a vagina, dificultando a avaliação do colo e produzindo dor e desconforto à mobilização. Realizada revisão do canal do parto sob sedação, e só então feito diagnóstico de inversão uterina. Tentada correção com manobra de Taxe, sem sucesso. Realizada laparotomia com tentativa de correção pela cirurgia de Huntington que não foi efetiva, só sendo possível a redução definitiva a partir de manobra combinada envolvendo simultaneamente a via vaginal e a tração por via abdominal aberta, que reestabeleceu a anatomia uterina com preservação do órgão, apesar da dificuldade pela intensa contratura muscular tardia. No pós-operatório, evoluiu de forma satisfatória, mantendo-se até o momento com o órgão em posição fisiológica.

COMENTÁRIOS

Assim que se estabelece o diagnóstico, a recolocação do útero manualmente pela vagina deve ser imediatamente tentada, após relaxamento do mesmo, por meio da manobra de Taxe. Em caso de falha da reposição manual, a cirurgia deve ser empregada, sendo o procedimento de Huntington o mais utilizado. No caso relatado, se fez necessário o emprego mútuo das técnicas, de forma complementar, o que garantiu maior sucesso no desfecho, com preservação completa da fisiologia uterina.

PALAVRAS-CHAVE

Inversão uterina; hemorragia pós-parto; puerpério patológico;

Área

OBSTETRÍCIA - Puerpério normal e patológico

Autores

Pollyanna da Silva Siqueira, Marcela da Costa Santos Guimarães Pires, Robério de Sousa Damião, Maura Azzi Tassi, Mariana Aranha Lobo e Silva, Débora Geraldes Cabral Lins Brichi , Giselle de Lima Novaes, Rogerio Gama Ferreira Neves