61º Congresso de Ginecologia e Obstetrícia da Febrasgo – CBGO 2023

Dados do Trabalho


TÍTULO

ANÁLISE COMPARATIVA DOS FATORES ASSOCIADOS A DEPRESSÃO PÓS-PARTO DURANTE AS 2 ONDAS DE COVID-19

OBJETIVO

Estabelecer a prevalência de depressão pós-parto em hospitais de São Paulo, e analisar comparativamente a relação entre depressão pós-parto com dados clínicos, demográficos e epidemiológicos, durante as duas primeiras ondas da pandemia por COVID-19.

MÉTODOS

Estudo transversal comparativo de coorte, com análise de prevalência e fatores associados à depressão pós-parto em dois períodos distintos: 1) março de 2020 a dezembro de 2020; e 2) janeiro de 2021 a julho de 2022. Foram analisados os dados de pacientes puérperas que faziam parte de um projeto de pesquisa maior (CAAE 30270820.3.0000.0068), com três coortes distintas: pacientes sem covid-19; com covid-19, com e sem necessidade de internação. Foram incluídas as pacientes que responderam três questionários autoaplicáveis: um com dados epidemiológicos associados à pandemia; e dois questionários de saúde mental, a Escala Hospitalar de Ansiedade e Depressão (HAD) e a Escala de Depressão Pós-Natal de Edinburgh (EPDS). Utilizaram-se dados obstétricos e demográficos preenchidos durante a gravidez e parto armazenados na plataforma Redcap. Foram excluídas as com gestação gemelar e as adolescentes. A análise estatística foi feita pelo programa SPSS 20.0, com aplicação dos testes de Qui-quadrado e Mann-Whitney, com modelo de regressão logística stepwise para as variáveis com p ≤ 0,150 para o evento depressão pós-parto.

RESULTADOS

Foram selecionados os dados de 306 pacientes. No primeiro período, a prevalência de sintomas de depressão pós-parto (EPDS ≥ 12) foi de 38,8%. Houve associação entre EPDS alterado e sintomas de ansiedade (OR 34,04); briga em casa (OR 2,79); preocupação com falta de leitos (OR 3,76) e tosse como sintoma (OR 2,67). No segundo período, a taxa de EPDS alterado foi de 37,3%. Os sintomas depressivos associaram-se com sintomas de ansiedade (OR 18,55); briga em casa (OR 14,1); internação antes do parto (OR 6,53) e astenia e fraqueza como sintomas (OR 2,95).

CONCLUSÃO

A prevalência de depressão pós-parto manteve-se alta durante os dois períodos da pandemia, sendo praticamente o dobro das taxas pré-pandemia, sendo uma das mais altas da literatura. Houve o surgimento de novos fatores de risco, como insegurança de assistência ao parto na primeira onda, e de internação hospitalar na segunda onda; com mudança no tipo de sintoma gripal que influenciava na depressão pós-parto: tosse no primeiro período e fraqueza/astenia no segundo.

PALAVRAS-CHAVE

depressão; depressão pós-parto; fatores de risco; COVID-19; pandemia

Área

OBSTETRÍCIA - Puerpério normal e patológico

Autores

Adriana Sayuri Hashimoto, Marco Aurelio Knippel Galletta, Stela Verzinhasse Peres, Rossana Pulcineli Vieira Francisco