61º Congresso de Ginecologia e Obstetrícia da Febrasgo – CBGO 2023

Dados do Trabalho


TÍTULO

Carcinoma adenoescamoso cervical durante gestação

CONTEXTO

É rara a incidência de qualquer tipo de câncer em mulheres grávidas, ocorrendo em, no máximo, 0,1% das gestações. Dentro desse montante, o câncer de colo uterino se destaca como o tumor ginecológico mais comum durante o período. O caso do presente trabalho científico relata uma gestante com diagnóstico de carcinoma adenoescamoso, um tumor maligno que corresponde a 4% dos tumores cervicais. À citologia, ele se apresenta com características malignas dos componentes pavimentoso e glandular. O seu estadiamento é clínico.

DESCRIÇÃO DO(S) CASO(S) ou da SÉRIE DE CASOS

Gestante, 33 anos, primigesta, com 24 semanas de idade gestacional. Deu entrada em um hospital em Vitória (ES) com queixa de sangramento vaginal de forte intensidade. Ao exame especular, apresentava lesão vegetante a partir do colo e sangramento ativo. Ao toque vaginal, lesão pediculada com pedículo grosso no lábio anterior do colo do útero. Toque retal sem alterações. A lesão não foi descrita na ultrassonografia transvaginal. Realizada biópsia de lesão e o estudo anatomopatológico mostrou carcinoma adenoescamoso, G2, moderadamente diferenciado, sem invasão linfovascular, com margens de ressecção comprometidas pela neoplasia. À ressonância magnética de abdome superior e pelve, sem contraste venoso, foi identificada lesão sólida centrada no colo uterino, predominantemente endofítica, medindo 1,1 cm e com margem superior distando 2,0 cm do orifício interno do colo, sem extensão à cavidade uterina, além de pequena dilatação das porções proximal e média do sistema coletor urinário direito, provavelmente relacionado à compressão uterina do ureter distal. Ao estadiamento FIGO, Ib1 (invasivo, confinado ao colo, clinicamente visível até 4 cm). Indicada quimioterapia (QT) em caráter neoadjuvante (cisplatina ou cisplatina + paclitaxel) pelo risco de progressão da doença, devendo ser interrompida após completar 33 semanas de gestação pelo risco de indução de prematuridade e com última infusão de QT pelo menos 21 dias antes do parto, devido mielossupressão. Prosseguimento de gestação para até, no mínimo, 34 semanas e realização de cirurgia definitiva após interrupção da gestação, podendo ser considerado realizar a cirurgia no mesmo ato da cesárea. O prognóstico não é favorável.

COMENTÁRIOS

O presente relato expõe uma rara concomitância do binômio carcinoma adenoescamoso cervical e gestação, e ainda aponta essa neoplasia como diagnóstico diferencial para sangramento vaginal de grande monta durante a gestação.

PALAVRAS-CHAVE

Neoplasias do Colo do Útero; Carcinoma Adenoescamoso; Gestação

Área

OBSTETRÍCIA - Intercorrências cirúrgicas na gestação

Autores

Jacob Henrique da Silva Klippel, Giulia de Souza Cupertino de Castro, Luiz Alberto Sobral Vieira Junior, Gabriel Smith Sobral Vieira, Luiza Lorenzoni Grillo, Daniela Cardozo Lucas, Juliana José Fernandes de Assis