61º Congresso de Ginecologia e Obstetrícia da Febrasgo – CBGO 2023

Dados do Trabalho


TÍTULO

USO DA CANNABIS NO ALÍVIO DOS SINTOMAS ÁLGICOS DA ENDOMETRIOSE: UMA REVISÃO SISTEMÁTICA

OBJETIVO

Avaliar a eficácia da cannabis como terapia da dor pélvica crônica gerada pela endometriose.

FONTE DE DADOS

Fez-se, durante o mês de junho de 2023, busca nas bases de dados PubMed, LILACS e Embase, de artigos publicados entre os anos de 2018 e 2023. Os descritores DeCS/MeSH utilizados, em inglês, francês e português, foram “cannabis”, “cannabidiol”, “endometriosis” e “pelvic pain”. Os operadores booleanos AND e OR foram combinados para ajustes na busca.

SELEÇÃO DE ESTUDOS

Foram encontrados 35 artigos, dos quais nove foram selecionados. Os critérios de exclusão dos artigos foram: ensaios em animais, relatos de caso , artigos duplicados ou incompatíveis com o objetivo.

COLETA E ANÁLISE DE DADOS

Os dados extraídos foram exportados para o Excel, seguindo os padrões da metodologia PRISMA. A triagem seguiu-se por (1) exclusão dos artigos, (2) leitura dos títulos, (3) leitura dos resumos e (4) leitura na íntegra dos artigos relacionados ao uso de cannabis no tratamento da dor pélvica crônica (DPC) da endometriose.

SÍNTESE DE DADOS

O uso da cannabis tem sido menos estigmatizado na prática médica. Atualmente, uma em cada cinco mulheres com DPC admite usar ou ter usado cannabis para alívio geral de sintomas álgicos. Os estudos sobre o uso do cannabidiol (CBD) e seu efeito na DPC causada pela endometriose são diversos em suas metodologias, nas doses, nas vias de administração utilizadas e nas concentrações variadas de tetraidrocanabinol (THC) associadas, principal substância psicoativa da cannabis. Alguns estudos observacionais evidenciam melhora da DPC por endometriose em mulheres que fizeram uso do CBD. Em um deles, observou-se que 96% das mulheres que usaram o CBD relataram alívio da dor e de espasmos musculares, além de melhora de sintomas gastrointestinais e de humor que podem estar associados à endometriose. Algumas mulheres conseguiram ainda reduzir o uso de opioides após terapia com CBD; todavia, não se demonstrou superioridade do CBD quando seus efeitos foram comparados aos dos opioides. Os estudos utilizaram combinações de CBD e THC, formuladas em formas tópicas, orais e inaladas, em doses que variavam de 1-70mg/dia de THC e de 1-2.000mg/dia de CBD.

CONCLUSÃO

O uso da cannabis parece reduzir a dor pélvica gerada pela endometriose, com evidências observacionais no alívio dos sintomas álgicos da endometriose e na redução do uso de opioides durante a terapia. No entanto, são necessários mais estudos randomizados com padronização da dosagem, via e formulação, com garantia de controle dos possíveis fatores de confusão.

PALAVRAS-CHAVE

Cannabis; Cannabidiol; Pelvic Pain; Endometriosis.

Área

GINECOLOGIA - Endometriose

Autores

Ana Carolina Araújo Lage Santos , José Victor Mendes Milhomem , Thiago Araujo do Nascimento, Eduardo Siqueira Fernandes