61º Congresso de Ginecologia e Obstetrícia da Febrasgo – CBGO 2023

Dados do Trabalho


TÍTULO

Acretismo placentário com múltiplas complicações: Um relato de caso

CONTEXTO

O acretismo placentário (AP) ocorre quando a placenta não adere normalmente ao endométrio, invadindo miométrio e tecidos adjacentes, podendo levar à hemorragia catastrófica. É responsável por 65% das histerectomias puerperais, associa-se a falência multiorgânica, síndrome da angústia respiratória aguda, prematuridade, coagulação intravascular disseminada, etc. A placenta morbidamente aderida classifica-se como acreta, increta ou percreta. Infelizmente, sua incidência aumentou ao longo das décadas, paralelamente ao aumento do número de cesarianas.

DESCRIÇÃO DO(S) CASO(S) ou da SÉRIE DE CASOS

SM, 43 anos, G4C3, paciente do ambulatório de gestação de alto risco por idade materna avançada, HAS e obesidade. Apresentou ecografias morfológicas do 1º e 2º trimestres normais. Em posterior ecografia, com 26 semanas, evidenciou-se placenta previa total com suspeita de acretismo. Foi solicitada ressonância magnética de pelve, porém paciente não realizou. Internou com 37 semanas para cesariana, onde foi realizada ecografia obstétrica mostrando dificuldade na avaliação da interface uteroplacentária devido a interposição fetal, não sendo visualizada perda dessa interface nas porções avaliadas. Realizada a cesariana, constatada placenta increta e previa total. Optou-se pela preservação do útero. Durante o pós-operatório, evoluiu com sangramento vaginal e hipotonia uterina sendo indicada histerectomia com prévia embolização das artérias hipogástricas. 7 dias após, apresentou dor na região glútea direita e hematoma com área de necrose central acompanhado de paresia de membro inferior direito. Realizado desbridamento em bloco cirúrgico. Permaneceu internada até a total recuperação e alta hospitalar.

COMENTÁRIOS

O fator de risco mais importante para o AP é a ocorrência de placenta prévia, principalmente quando associada a múltiplas cesáreas anteriores. Realizar o diagnóstico antes do fim da gestação é crucial para permitir a programação do nascimento junto a uma equipe multidisciplinar e em local com recursos apropriados, visando a reduzir a morbimortalidade. Gestantes com suspeita de AP necessitam de investigação mais detalhada por ultrassonografia e ressonância magnética, por profissional com experiência. O manejo conservador do acretismo visa evitar a histerectomia no momento do nascimento. A embolização das artérias hipogástricas parece não afetar negativamente a restauração da fertilidade futura, porém pode apresentar complicações como hematoma, lesão ureteral, laceração da veia ilíaca, entre outras.

PALAVRAS-CHAVE

Placenta Acreta; gravidez; Embolização da Artéria Uterina

Área

OBSTETRÍCIA - Gestação de alto risco

Autores

MARIANNE ONGARATTO LUMI, YAMIRKA HERNANDEZ REYES, CARYN COSTA, BRUNA DA SILVA WIATROWSKI, JOAO PEDRO GUTTERRES, MARCIA EIFLER, PAOLA CALLEGARO DALLA CORTE, NADIA MARIA CEOLIN