61º Congresso de Ginecologia e Obstetrícia da Febrasgo – CBGO 2023

Dados do Trabalho


TÍTULO

MALFORMAÇÃO ARTERIOVENOSA UTERINA APÓS DOENÇA TROFOBLÁSTICA GESTACIONAL - UM RELATO DE CASO

CONTEXTO

Trata-se de caso de malformação arteriovenosa uterina (MAVu) em paciente com passado recente de Mola Hidatiforme Incompleta (MHI), com dosagem normal de βhCG e laudo histopatológico de Mola Hidatiforme Invasora após histerectomia.

DESCRIÇÃO DO(S) CASO(S) ou da SÉRIE DE CASOS

Mulher, 44 anos, G4P3cA1, MHI em agosto de 2021, submetida a AMIU, seguida em centro de referência até normalização do βhCG, com alta em maio de 2022. Retornou ao serviço em novembro de 2022 com sangramento transvaginal aumentado e astenia. Ao exame físico: bom estado geral, hipocorada, abdome indolor à palpação, sem irritação peritoneal, útero palpado acima da sínfise púbica e leve desvio para esquerda; especular: vagina e colo sem alterações macroscópicas, moderado sangramento vermelho vivo; toque vaginal: colo impérvio, indolor à mobilização. Exames complementares, teste de gravidez negativo e ultrassonografia (USG) transvaginal: esboço nodular em parede uterina anterior, terço inferior, mal definido, hipoecogênico, volume: 54cm³, com vaso central calibroso e fluxo turbulento ao Doppler. Hipótese diagnóstica aventada foi MAVu. Evoluiu com manutenção do sangramento e queda progressiva de hemoglobina. Submetida a laparotomia, encontrado grande formação heterogênea com aspecto de coágulo exteriorizado em parede anterior uterina estendendo ao colo, de aspecto friável e optado por histerectomia subtotal. Resultado anatomopatológico evidenciou mola invasora.

COMENTÁRIOS

MAVu é uma causa rara de sangramento uterino, pode ser congênita ou adquirida, esta é associada a traumas uterinos, como curetagens, e tem na Doença Trofoblástica Gestacional (DTG) sua principal etiologia. A incidência de MAVu após DTG é estimada em 0,2% com ocorrência na faixa etária de 20-40 anos. O mecanismo de invasão miometrial da DTG leva a alterações no leito vascular, acarretando em MAVu. Tais alterações podem permanecer assintomáticas por meses a anos após a remissão da doença ou manifestar-se com sangramento. A USG com Doppler é um método diagnóstico não invasivo capaz de caracterizar MAVu, na ausência de DTG, atestada pela normalidade do βhCG. O tratamento depende do desejo reprodutivo, que consiste em embolização da artéria uterina ou histerectomia. No caso em questão, paciente com prole constituída, sintomatologia importante e acesso cirúrgico laborioso, optou-se então por realizar histerectomia subtotal. O histopatológico foi compatível com mola invasora e em seu seguimento foram solicitadas dosagens de βhCG quantitativos seriados, os quais mantiveram normais.

PALAVRAS-CHAVE

Doença trofoblástica gestacional; Procedimentos cirúrgicos ginecológicos; Malformação arteriovenosa uterina.

Área

OBSTETRÍCIA - Epidemiologia das doenças gestacionais

Autores

Camila Pires Marinho, Ingrid Gabriela Brito Sousa, Carolina Gaze Gonçalves Fontenele Gomes, Letícia Valério Franca, Isabela Santos Paiva Leander Moura, Valéria Cristina Gonçalves, Josenice de Araújo Silva Gomes, Emanuele Soema Santana Lessa