61º Congresso de Ginecologia e Obstetrícia da Febrasgo – CBGO 2023

Dados do Trabalho


TÍTULO

VIOLÊNCIA SEXUAL NA ATUALIDADE: O PERFIL DE PACIENTES ATENDIDAS EM SERVIÇO PÚBLICO DE REFERÊNCIA

OBJETIVO

O presente trabalho busca analisar o perfil das pacientes que foram atendidas por violência sexual (VS) no Centro Obstétrico (CO) de um hospital público municipal de referência estatal a estes atendimentos localizado em Porto Alegre, RS.

MÉTODOS

Estudo transversal incluindo pacientes atendidas sob o CID10 Y05 no CO de um hospital público municipal de Porto Alegre, entre janeiro e maio de 2023, totalizando 77 mulheres, como parte de projeto prospectivo submetido e aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa local (CEP) - CAAE 53225121.7.0000.5329. Os dados foram computados e analisados em Excel, sendo as variáveis quantitativas apresentadas como média+desvio padrão e qualitativas como porcentagem.

RESULTADOS

A média de idade das vítimas de VS neste estudo foi 27,6+10,8 anos, sendo 22% menores de idade, 66,2% procedentes de Porto Alegre, 75,3% negavam uso de álcool/drogas e 32,4% eram nuligestas. Quanto à vida sexual das pacientes, 6,4% negavam sexarca prévia, 75,3% não apresentavam parceria sexual fixa e 70,1% não estavam em uso de método contraceptivo no momento da VS. Apenas 2,5% das mulheres vítimas de VS eram profissionais do sexo. Quanto ao local de ocorrência da VS, 49,3% ocorreram em domicílio, 10,3% em festa, 1,2% no trabalho e 28,5% em via pública. Apenas 36,3% dos casos foram comunicados legalmente e 33,7% das pacientes buscaram atendimento mais de 72 horas após a ocorrência. Quanto ao agressor, 53,2% eram conhecidos e 41,5% incluíram mais de um agressor por caso. De todos os casos, 36,3% evoluíram para gestação não planejada e 50% destas, após criteriosa avaliação protocolada pelo Serviço de Atendimento Integral em Saúde Sexual (SAISS), foram encaminhadas para interrupção legal da gestação (ILG) prevista em lei.

CONCLUSÃO

O perfil das vítimas de violência sexual neste estudo corresponde a mulheres na menacme, nuligestas, solteiras e sem uso de método contraceptivo no momento da VS. Além disso, o agressor foi predominantemente classificado como conhecido e a extensa maioria dos casos ocorreu em domicílio. Ademais, embora a VS seja considerada crime perante a legislação brasileira, apenas um terço das vítimas registrou a ocorrência. Em relação à evolução dos casos, um terço evoluiu para gestação não planejada, e somente metade desse número foi encaminhado para interrupção legal da gestação, após criteriosa análise pelo SAISS.

PALAVRAS-CHAVE

Violência contra a Mulher; Violência Sexual; Sexismo.

Área

GINECOLOGIA - Multidisciplinar

Autores

Gabriela Prevedello Oliveira, Julia Rossetto Dallanora, Laura Confortin Bonafé, Julia Prauchner de Castilhos , Victoria Campos Dornelles, Eduarda Silva, José Luiz Petersen Krahe, Marta Ribeiro Hentschke