61º Congresso de Ginecologia e Obstetrícia da Febrasgo – CBGO 2023

Dados do Trabalho


TÍTULO

ACARDIA FETAL EM GESTAÇÃO GEMELAR MONOCORIÔNICA DIAMNIÓTICA: RELATO DE CASO

CONTEXTO

A acardia fetal ou sequência de perfusão arterial reversa é uma rara complicação de gestações múltiplas monocoriônicas. O gêmeo acardíaco apresenta coração ausente ou rudimentar e depende totalmente do suporte circulatório fornecido pelo gêmeo viável, conhecido como feto bomba. Nessa situação, o feto evolui com malformações severas e geralmente apresenta pouco desenvolvimento na parte superior do corpo e cabeça, podendo estar totalmente ausente. O feto viável, por sua vez, pode ter como consequências a insuficiência cardíaca, hidropsia e evolução com trabalho de parto prematuro ou óbito fetal.

DESCRIÇÃO DO(S) CASO(S) ou da SÉRIE DE CASOS

Gestante, 23 anos, G4P1CA2, idade gestacional de 36 semanas, sem comorbidades, encaminhada ao serviço de referência devido diagnóstico de gestação gemelar monocoriônica diamniótica, com feto B acárdico. Em nosso serviço, realizado ultrassonografia com Dopplervelocimetria, evidenciando alteração da vitalidade fetal com sinais de insuficiência cardíaca no feto morfologicamente normal. Optado por interrupção da gestação, sendo realizada cesariana sem intercorrências. Retirado feto A cefálico, empelicado, sexo feminino, com boa vitalidade. Retirado feto B pélvico, presença de malformações em pelve, membros inferiores, abdome e ausência de cabeça e pescoço. Após cirurgia, mãe e feto com boa evolução. Análise anatomopatológica de placenta e membranas sem alterações.

COMENTÁRIOS

As gestações múltiplas podem apresentar muitas complicações, sendo a mais rara a síndrome da acardia fetal, presente apenas em 1% das gestações gemelares monocoriônicas. Quanto a fisiopatologia desta, acredita-se que existam anastomoses vasculares que desviam o sangue o gêmeo morfologicamente normal para o acárdico, levando a circulação reversa. Aproximadamente 20% dos fetos acometidos apresentam vestígios de tecido cardíaco ou coração rudimentar, sendo então a raridade do caso ainda maior devido feto pseudoacárdico. No caso descrito, observa-se que o feto morfologicamente normal teve bom desfecho sem intervenções específicas, porém é descrito na literatura até 55% de mortalidade do feto viável. O manejo da acardia fetal é complexo e deve ser individualizado. A conduta conservadora é feita por meio de acompanhamento clínico e realização de exames seriados. Por outro lado, pode ser necessária a interrupção da circulação do gêmeo acárdico ou realização de outras medidas antenatais. Por isso, o diagnóstico precoce é fundamental para planejamento apropriado do tratamento, com ênfase na vitalidade do feto bomba.

PALAVRAS-CHAVE

acardia fetal; gemelar; gestação de alto risco;

Área

OBSTETRÍCIA - Gestação de alto risco

Autores

vivielle veloso de moura fe , Nathalia Saboia Campos Borbon Novis Neves , Annie Caroline Magalhaes Santos , Beatriz Barros de Moura , MYLENA MARTINS ALMEIDA