61º Congresso de Ginecologia e Obstetrícia da Febrasgo – CBGO 2023

Dados do Trabalho


TÍTULO

TAQUICARDIA SUPRAVENTRICULAR FETAL E FLUTTER ATRIAL - RELATO DE CASO

CONTEXTO

A taquicardia supraventricular fetal (TSV) é a taquicardia fetal mais comum (90% dos casos) e caracteriza-se pela frequência cardíaca fetal (FCF) entre 220 e 260 bpm, podendo ser sustentada ou intermitente. O diagnóstico é feito através da ecocardiografia fetal com doppler. O manejo e tratamento dependem da idade gestacional, podendo incluir desde a reversão pós-natal, até a reversão intraútero com antiarrítmicos venosos ou cordocentese. Casos refratários à terapia medicamentosa pode-se levantar a suspeita de flutter atrial.

DESCRIÇÃO DO(S) CASO(S) ou da SÉRIE DE CASOS

Secundigesta, 34 semanas deu entrada em hospital para investigação de TSV fetal, sem sinais de insuficiência cardíaca no feto. Gestante sem comorbidades, ou alterações laboratoriais ou em eletrocardiograma que justificassem alteração fetal e já estava em uso de Sotalol 240mg/dia. Realizado no dia 22/06/22 ecocardiografia fetal com achados de TSV, com sincronismo AV e condução 1:1, FCF atrial 224 bpm; FCF ventricular 221 bpm; índice cardiotorácico normal (30%); presença de insuficiência tricúspide holossistólica. Optado por aguardar cinco dias para avaliar ação medicamentosa do Sotalol na FCF. Em 24/06/22 a ecocardiografia evidenciou, além dos achados descritos anteriormente, discreto edema subcutâneo e discreta hidrocele. No dia 26/06/22, nova ecocardiografia mantinha mesmos achados, incluindo FCF >230bpm. Devido à falha medicamentosa, foi optado por interromper a gestação. Realizado cesariana, com o nascimento de concepto vivo, sexo masculino, Apgar 8/9, com FC de 210 bpm, sem sopros, sem sinais de hipoperfusão. No mesmo dia, foi realizado ECG em neonato com achado de Flutter Atrial. Realizado cardioversão (1J/kg), sem sucesso, e dois flushes de adenosina. RN evoluiu com depressão cardiorrespiratória, sendo necessária a intubação orotraqueal. Posteriormente, foi optado por iniciar e manter amiodarona 10mg/kg/min, pois RN manteve taquiarritmia. Em 28/06 foi indicada nova cardioversão (5J), que evoluiu com reversão transitória da taquiarritmia. Realizado ataque de amiodarona (5 mg/kg), com reversão sustentada para ritmo cardíaco sinusal. Em 01/07, iniciada retirada gradual da amiodarona, com posterior extubação. Até 14/07 permaneceu estável em uso de amiodarona, trocando medicamento para via oral com posterior alta da UTI neonatal.

COMENTÁRIOS

Por tratar-se de casos raros e potencialmente fatais, seu diagnóstico e tratamento precoce é essencial para evitar complicações fetais como cardiomegalia, diminuição da função sistólica, hidropsia e óbito fetal.

PALAVRAS-CHAVE

Taquiarritmia fetal; Taquicardia supraventricular fetal; Flutter Atrial fetal;

Área

OBSTETRÍCIA - Medicina fetal

Autores

Gabriela Damásio Santos, Rafaela Marchini Ferreira, Guido Silva Garcia Freire, Débora Mayrink Resende, Sônia Maria Vieira Beltrão