61º Congresso de Ginecologia e Obstetrícia da Febrasgo – CBGO 2023

Dados do Trabalho


TÍTULO

Insuficiência cardíaca secundária a pré-eclâmpsia e diagnóstico diferencial de cardiomiopatia pós-parto: relato de caso

CONTEXTO

Os distúrbios hipertensivos complicam 5-10% das gestações e são causa importante de morbi-mortalidade. A pré-eclâmpsia pode levar a lesão de órgão-alvo, como por exemplo, um remodelamento cardíaco, que pode ser permanente em 40% dos casos. Desse modo, a pré-eclâmpsia representa um importante fator de risco para desenvolvimento de doenças cardiovasculares, dentre elas a insuficiência cardíaca (IC), sendo a cardiomiopatia peri-parto (CMPP) um diagnóstico diferencial importante.

DESCRIÇÃO DO(S) CASO(S) ou da SÉRIE DE CASOS

K.E.A, 30 anos, G2P1A1, realizado parto cesárea com 36 semanas e 3 dias, devido a pré-eclâmpsia e feto em apresentação pélvica. Sem outras patologias associadas. Recebeu alta no 3º dia PO, em uso de metildopa 500 mg 6/6 h. No 8º dia de pós-parto, retornou ao serviço com queixa de dispneia e ortopneia, associada a descontrole pressórico (160 x 90 mmHg), relatando edema progressivo de membros inferiores que havia iniciado há 3 dias. Realizado sulfato de magnésio e nifedipino 20mg 8/8 horas. A hipótese diagnóstica inicial foi CMPP, sendo realizado Raio-X de tórax, apresentando congestão pulmonar e, ao exame laboratorial, observou-se elevação de pró-BNP e discreta elevação de troponina e CK-MB. Demais exames laboratoriais sem alterações significativas. Realizada furosemida endovenosa com melhora do quadro de dispnéia. Ecocardiograma realizado após 24 h da admissão, sem achados anormais. Exclui-se, portanto, a CMPP, sendo o diagnóstico final de IC secundária a pré-eclâmpsia.

COMENTÁRIOS

O diagnóstico de CMPP é de exclusão, e sua etiologia desconhecida. São fatores de risco: idade materna avançada, multiparidade, gestação múltipla, distúrbios hipertensivos, cor negra e uso de tocolíticos. Possui como critérios diagnósticos: fração de ejeção do ventrículo esquerdo reduzida (<45%), ausência de cardiomiopatia prévia e início dos sintomas de 1 mês antes a 5 meses após o parto. Pacientes hipertensas devem ser cuidadosamente avaliadas, sobretudo na presença de dispneia desproporcional ao período gestacional, visando seu correto diagnóstico. No caso em questão, a paciente não apresentou critérios ecocardiográficos para CMPP, embora o raio x e exame laboratorial fossem sugestivos. É importante seu diagnóstico diferencial, embora seja condição rara, para realização de medidas de suporte adequadas.

PALAVRAS-CHAVE

Período Pós-Parto; Cardiopatias; Insuficiência Cardíaca; Pré-Eclâmpsia;

Área

OBSTETRÍCIA - Puerpério normal e patológico

Autores

Eduarda Lanzarini Lins, Eduarda Viana Maia Sutana, Nadia Stella Viegas dos Reis