61º Congresso de Ginecologia e Obstetrícia da Febrasgo – CBGO 2023

Dados do Trabalho


TÍTULO

TRANSPLANTE HEPÁTICO E GESTAÇÃO: RELATOS DE CASOS DE SERVIÇO DE REFERÊNCIA

CONTEXTO

O progresso no tratamento da insuficiência hepática terminal com a ampliação do acesso ao transplante ortotópico do fígado trouxe novos desafios, incluindo o cuidado e manejo da gravidez após transplante hepático (TH). Os estudos mostram que a boa funcionalidade do enxerto e a estabilidade na dose de imunossupressão predizem desfecho materno-fetal favorável, com poucos relatos na literatura de
prejuízo à função hepática, perda do enxerto durante a gestação ou morbidade fetal grave. Este artigo possui como objetivo relatar 02 casos de gestantes com TH assistidas recentemente pelo serviço de Obstetrícia e Ginecologia da Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP), incluindo caso raro de rejeição de enxerto na gestação.

DESCRIÇÃO DO(S) CASO(S) ou da SÉRIE DE CASOS

Caso 1: Paciente de 26 anos, G2C1 (gestação anterior ocorrida previamente ao TH), com diagnóstico de hepatite autoimune agudizada aos 22 anos, submetida a TH no mesmo ano. Após 4 anos do TH, evoluiu com nova gestação. Manteve boa evolução do quadro até 31 semanas, quando apresentou piora da função hepática secundária à rejeição aguda ao enxerto. Iniciado tratamento com pulsoterapia com metilprednisolona 1g/dia por 3 dias, associado ao ajuste de tacrolimus. Com 33 semanas, foi submetida a cesárea de urgência por trabalho de parto prematuro. No pós-parto, evoluiu com piora clínica e laboratorial, necessitando de novo TH devido à falência do enxerto ao 40ºdia de puerpério. Evoluiu a óbito no 51º dia de puerpério. Não houve nenhuma complicação neonatal por conta da rejeição ao enxerto. Caso 2: Paciente de 27 anos, G1, com diagnóstico de adenomatose hepática aos 20 anos, submetida a TH no mesmo ano. Após 7 anos do transplante, apresentou gestação espontânea, com estabilidade clínica durante a gestação, em uso de tacrolimus, sem intercorrências materno-fetais.

COMENTÁRIOS

O aumento de TH em mulheres em idade fértil torna-se de interesse para centros de referência, especialmente àqueles que assistem essas mulheres. Apesar dos desfechos materno-fetais serem favoráveis na maioria dos casos, toda gestação com TH é considerada de alto risco, visto que está associada com abortamento, pré-eclâmpsia, parto prematuro e outras complicações maternas e fetais com potencial para complicações graves, como rejeição ao enxerto e morte materna.

PALAVRAS-CHAVE

TRANSPLANTE HEPÁTICO; GESTAÇÃO; REJEIÇÃO AO ENXERTO

Área

OBSTETRÍCIA - Gestação de alto risco

Autores

Patricia Akemi Tabuchi, Vitor Lira Reis, José Paulo Siqueira Guida, Maria Laura Costa do Nascimento, Fernanda Garanhani de Castro Surita