Dados do Trabalho
TÍTULO
ATENDIMENTO E ACESSO À SAÚDE GINECOLÓGICA E OBSTÉTRICA DE PESSOAS TRANS PELO SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE
OBJETIVO
Analisar o acesso e atendimento à saúde ginecológica e obstétrica de pessoas trans no Sistema Único de Saúde (SUS).
MÉTODOS
Trata-se de um estudo descritivo, transversal de abordagem quantitativa. A coleta de dados foi realizada entre março a junho de 2023, a partir de formulário online enviado para pessoas transgênero que foram/são atendidas em serviços de ginecologia e obstetrícia do SUS, sendo esse o critério de inclusão, e de exclusão não atender esse requisito. As variáveis estudadas foram: raça, idade, renda, estado, identidade de gênero, orientação sexual e local, motivo e detalhamento da consulta. Os dados foram organizados no Microsoft Excel e analisados através de estatística descritiva, medidas de tendência central e frequência simples e relativa.
RESULTADOS
Foram obtidas 22 respostas, de participantes de 9 estados do Brasil, com idades de 19 a 52 anos, sendo, predominantemente, 54,5% brancos e 22,7% pretos. Referente a renda, 59,1% recebem até 1 salário mínimo. Quanto à identidade de gênero, 68,2% são homens trans, 18,2% mulheres trans, 9,1% transmasculinos e 4,5% não-binários. Referente à orientação sexual, 50% são heterossexuais, 22,7% bissexuais, 13,6% gays, 9,1% lésbicas e 4,5% ginessexuais. O local de atendimento mais prevalente foram as Unidades Básicas de Saúde (72,7%). O motivo da consulta de 50% dos participantes foi hormonização, 32% consulta de rotina e 18% se dividiram igualmente entre redesignação sexual, contracepção, gravidez e dor. À respeito de orientações adequadas e livres de julgamento recebidas durante o atendimento sobre planejamento familiar e Infecções Sexualmente Transmissíveis, 63,6% e 31,8%, respectivamente, afirmaram não tê-las obtido. Os pronomes/nome social não foram respeitados por todos os profissionais do local em 59,1% dos casos. Mais da metade dos participantes (59,1%) sentiram desconforto ou constrangimento durante a consulta e 22,7% consideram que houve alguma sequela física ou mental decorrente de falhas no atendimento. Ocorreu satisfação parcial com a consulta em 45,5% dos casos e insatisfação em 22,7%.
CONCLUSÃO
Houve insatisfação importante da população trans com o atendimento ginecológico e obstétrico no SUS, devido à prevalência de situações de desconforto e constrangimento, como desrespeito aos pronomes/nome social e carência no fornecimento de informações apropriadas, o que reflete a falta de preparo e negligência profissional, as quais geram consequências físicas e psíquicas nos pacientes, afastando-os desse serviço de saúde.
PALAVRAS-CHAVE
Pessoas Transgênero; Ginecologia; Obstetrícia; Serviços de Saúde para Pessoas Transgênero; Avaliação de Processos em Cuidados de Saúde
Área
GINECOLOGIA - Sexualidade e População LGBTQIAP+
Autores
Lyvia do Prado Pacheco, Lara Meira Pratti, Fabiane Monteiro de Carvalho Souza Gomes, José Lucas Souza Ramos