61º Congresso de Ginecologia e Obstetrícia da Febrasgo – CBGO 2023

Dados do Trabalho


TÍTULO

Gemelidade Imperfeita: Um Relato de Caso

CONTEXTO

A gemelaridade imperfeita é uma anormalidade embriológica não completamente entendida até o momento, em que os fetos são ligados um ao outro por alguma região do corpo. Essa condição é classificada de acordo com o local de união dos gêmeos, por exemplo, quando unidos pelo tórax, são chamados toracópagos, sendo esse o tipo mais comum. São raros, com incidência de 1:50.000 nascimentos, entretanto, cerca de 60% dos casos são natimortos, com uma real incidência de 1: 200.000 nascidos vivos.

DESCRIÇÃO DO(S) CASO(S) ou da SÉRIE DE CASOS

Secundigesta, 21 anos, sem comorbidades, encaminhada na 25ª semana de gestação por suspeita diagnóstica de gemelidade imperfeita. Realizado ultrassonografia obstétrica, visualizando presença de fetos acolados pelo tórax e abdome (tóraco-onfalópagos), compartilhando coração e fígado. Encaminhada ao departamento de genética para análise do caso. Diante da morbidade materna, da condição letal aos fetos e desejo do casal, foi oferecido interrupção da gestação. Na 28ª semana, realizado assistolia do coração dos fetos por administração de KCL pela via transamniótica, seguido por cesariana devido diâmetro total dos fetos incompatível com parto vaginal. Fetos encaminhados para autópsia, sendo confirmado o diagnóstico de gemelidade imperfeita do tipo tóraco-onfalópagos com coração, fígado e segmento proximal do intestino delgado únicos.

COMENTÁRIOS

A etiologia da gemelaridade imperfeita permanece controversa, entretanto acredita-se que seja uma forma rara de gestação monozigótica. As duas principais teorias para a anomalia são a da fusão e da fissão. A ultrassonografia obstétrica, com Doppler e o modo 3D têm sido as principais ferramentas no seguimento pré-natal. A partir dessa avaliação, é possível realizar diagnóstico acurado e avaliar com precisão a extensão da ligação dos fetos em idade gestacional precoce. Tal fato é fundamental para melhor aconselhamento da família envolvida. Entretanto, delimita um novo dilema. Sendo gestações atreladas a importante morbidade fetal e materna, a decisão entre a possibilidade de cirurgia para separação pós-natal ou a interrupção terapêutica da gestação é muitas vezes difícil. Entende-se que é fundamental o acesso a serviços especializados, nos quais é possível realizar diagnóstico, aconselhamento adequado junto a equipe multidisciplinar e decisão compartilhada do desfecho pretendido para o caso.

PALAVRAS-CHAVE

Gêmeos Siameses; Desenvolvimento Embrionário; Tóraco-onfalópagos

Área

OBSTETRÍCIA - Medicina fetal

Autores

Ana Carolina Batista Rodrigues, Eduardo Teixeira da Silva Ribeiro, Carolina Magalhães de Souza, Anna Clara Alvim da Cunha Pereira Rodrigues, Leticia da Fonseca Gomes, Guilherme Ribeiro Ramires de Jesus