61º Congresso de Ginecologia e Obstetrícia da Febrasgo – CBGO 2023

Dados do Trabalho


TÍTULO

Amelia fetal associada a derivados da ergotamina no primeiro trimestre de gestação: relato de caso

CONTEXTO

Amelia fetal é uma malformação congênita rara definida pela ausência de um ou mais membros que, há muito tempo, desperta a atenção da população geral e dos profissionais de saúde. Esses casos ficaram mais evidentes após a "tragédia da talidomida” na década de 1960, em que muitas gestantes que fizeram uso dessa droga passaram a gerar fetos com esse tipo de malformação. Desde então, tem-se pesquisado cada vez mais outras possíveis drogas envolvidas com a amelia congênita, ampliando estudos em teratologia, genética e embriogênese. Nesse sentido, esse relato traz o caso de uma gestante que fez uso de derivados da ergotamina no primeiro trimestre da gestação e teve seu feto diagnosticado com amelia. Assim, embora não tenha sido encontrada uma relação previamente descrita na literatura após pesquisa extensiva, existe plausibilidade teórica para associar o derivado de ergotamina ao defeito transversal de membros, podendo o caso contribuir para o direcionamento de futuras pesquisas relevantes em Medicina Fetal.

DESCRIÇÃO DO(S) CASO(S) ou da SÉRIE DE CASOS

L.S., 25 anos, feminino, hígida. Paciente G2PV1PC1, sendo a primeira gestação resolvida a termo com parto vaginal há oito anos, sem intercorrências. Na segunda gestação, aos 23 anos, após suspeita de amelia fetal em membro inferior direito no ultrassom morfológico de segundo trimestre, a paciente foi encaminhada para a assistência pré-natal no serviço de Medicina Fetal do Hospital Universitário de Santa Maria. Tendo esse laudo, questionou-se a paciente quanto ao uso de substâncias possivelmente teratogênicas na gestação, ao que ela revelou ter usado derivado da ergotamina no primeiro trimestre, tendo interrompido o uso quando informada das contraindicações. Ademais, negou história familiar de defeitos ósseos. Outros parâmetros fetais eram normais, afastando associação com síndromes ou outras patologias. O nascimento ocorreu com IG 37+6, apgar 9-10 e peso de 2860g, com cesariana de emergência devido à apresentação fetal pélvica e gestante em trabalho de parto ativo, sem intercorrências.

COMENTÁRIOS

O caso mostra um diagnóstico incomum na obstetrícia e tem sua relevância pautada na possível associação com o uso de derivados da ergotamina na gestação, já que essas drogas são vasoconstritoras e a patogênese da amelia pode estar relacionada à interrupção do suprimento arterial para a formação do membro intraútero. Assim, o caso pode abrir novos caminhos nas pesquisas sobre o tema e, se corroborada essa hipótese, contribuir para mais informações e prevenção de novos episódios.

PALAVRAS-CHAVE

amelia; ergotamina; teratologia; anormalidades congênitas.

Área

OBSTETRÍCIA - Medicina fetal

Autores

Giovana Barichello Pivetta, Tanize Louize Milbradt, Giordano Crivilatti Soldera, Lauro Henrique Heinsch Domenighi, Camila Signor Jacques, José Antônio Reis Ferreira De Lima, Francisco Maximiliano Pancich Gallarreta