61º Congresso de Ginecologia e Obstetrícia da Febrasgo – CBGO 2023

Dados do Trabalho


TÍTULO

CARACTERÍSTICAS DO ACESSO À SAÚDE DE MULHERES QUE FAZEM SEXO COM MULHERES (MSM)

OBJETIVO

Identificar vulnerabilidades no acesso à saúde ginecológica das mulheres cisgênero que fazem sexo com mulheres na Bahia, além de analisar as percepções das participantes do estudo acerca de suas experiências nos serviços de saúde.

MÉTODOS

Trata-se de um estudo transversal exploratório, descritivo e analítico sobre a população de MSM acima de 18 anos, cisgênero, que já iniciaram a vida sexual e residam no estado da Bahia, cuja coleta de dados foi feita a partir do envio de formulário online e anônimo para a população alvo através da técnica “bola de neve”. A pesquisa foi aprovada pelo Comitê de Ética em Pesquisa da UNEB sob parecer 5.261.318, respeitando as prerrogativas para pesquisas com seres humanos. Os dados foram analisados no software SPSS 20.0.

RESULTADOS

Foram obtidas 321 respostas através do formulário online. Destas, 19 foram excluídas após aplicação de critérios de inclusão. A amostra é composta por 84,1% de Mulheres que Fazem Sexo com Mulheres e Homens (MSMH) e 15,9% de Mulheres que Fazem Sexo com Mulheres Exclusivamente (MSME). Em relação à assistência à saúde ginecológica, 68,4% por cento realizou consulta há menos de um ano e 31,6% há mais de um ano. Evidenciou-se que 72,2% das MSM não são perguntadas sobre sua identidade sexual e 71,5% sobre seus comportamentos sexuais. Além disso, 86,8% referem não serem informadas sobre métodos de prevenção para ISTs no sexo entre mulheres, como o "dental dam", por exemplo. 64,9% tiveram receio quanto ao julgamento médico e 55,2% não se sente pertencente aos serviços de saúde ginecológico. 93,4% considera importante que médicos(as) saibam sua orientação sexual, mas 71,5% têm expectativa de preconceito por parte dos(as) profissionais. O(a) profissional fala mais sobre prevenção de IST (p=0,013), práticas sexuais (p=0,025), exame citopatológico do colo do útero (p=0,004), histórico familiar de CA de mama, útero e ovário (p=0,009), assim como faz mais exame físico da mama no serviço privado (p=0,000).

CONCLUSÃO

O presente estudo evidencia importantes barreiras na assistência à saúde ginecológica da população de MSM. Nota-se negligência dos profissionais quanto à identidade e práticas sexuais das participantes, sem orientação adequada quanto aos métodos de prevenção para ISTs. Tais achados expõem fragilidades da formação profissional e do sistema de saúde quanto à abordagem deste público. Faz-se necessário investir em educação permanente em saúde e promover políticas públicas que atendam às vulnerabilidades específicas do grupo estudado.

PALAVRAS-CHAVE

Mulheres que fazem Sexo com Mulheres; Saúde Sexual e Reprodutiva; Assistência Integral à Saúde; Atenção Primária.

Área

GINECOLOGIA - Sexualidade e População LGBTQIAP+

Autores

YASMIN VIDAL MATOS, VITÓRIA DA SILVA COSTA MACHADO MILHEIRO, CARLA SANTOS ALMEIDA, ANA GABRIELA ÁLVARES TRAVASSOS