Dados do Trabalho
TÍTULO
Implante Autólogo de Tecido Ovariano Fresco – Uma Alternativa de Sucesso na Preservação da Função Hormonal em Mulher Jovem Submetida a Radioterapia Pélvica.
CONTEXTO
A radioterapia pélvica induz falência ovariana em mulheres no menacme. A perda da função hormonal ovariana traz sérias consequências imediatas e a longo prazo 2. Mais de 50% das pacientes com câncer de colo em nosso meio têm menos de 50 anos, e a reposição hormonal, embora não contraindicada, raramente é mantida a longo prazo.
DESCRIÇÃO DO(S) CASO(S) ou da SÉRIE DE CASOS
Paciente de 26 anos, portadora de carcinoma de células escamosas do colo uterino, estadiamento FIGO IIIC1, foi submetida ao procedimento de implante autólogo de tecido ovariano fresco, uma semana antes do início do tratamento oncológico. Os níveis de séricos de FSH e estradiol antes do procedimento eram 4,8 mUI/ml e 225 ng/dL, respectivamente.
O procedimento consistiu em ooforectomia unilateral laparoscópica, seguida por implante de fragmentos de tecido ovariano fresco no tecido subcutâneo da face interna da coxa no mesmo tempo cirúrgico.
O tratamento oncológico, que incluiu 25 sessões de radioterapia pélvica com dose total de 5580 Gy associada a quimioterapia concomitante com cisplatina e 4 sessões de braquiterapia, com dose total de 2800 Gy.
Dois meses após o término da radioterapia, a paciente passou a apresentar ondas de calor, sintomas de irritabilidade e ansiedade. A dosagem do FSH foi de 79 mUI/mL.
Quatro meses após o término da radioterapia e seis meses após o implante, a paciente apresentou resolução dos sintomas climatéricos e os níveis de séricos de FSH e estradiol retornaram aos níveis normais para a idade (13 mUI/ml e 118 ng/dL).
COMENTÁRIOS
A transposição ovariana para fora do campo de irradiação tem sido estudada há décadas, entretanto, as taxas de sucesso deste procedimento para preservação da função ovariana são variáveis.
O implante autólogo heterotópico de tecido ovariano fresco, em sítio distante do campo de radioterapia é técnica simples, de baixo custo e tem o potencial de contornar esta importante sequela da radioterapia em câncer do colo do útero. O tecido subcutâneo da face interna da coxa é uma opção promissora para receber os fragmentos de ovário, pois está seguramente fora do campo de radioterapia, tem capacidade para receber múltiplos fragmentos, é de fácil acesso para exame físico e avaliação ultrassonográfica e apresenta resultados estéticos satisfatórios.
PALAVRAS-CHAVE
Neoplasias do Colo do Útero, Insuficiência Ovariana Prematura, Terapia de Reposição Hormonal, Transplante autólogo
Área
GINECOLOGIA - Oncologia Ginecológica
Autores
Marilia Albanezi Bertolazzi, Maria Luiza Nogueira Dias Genta, Edmund Chada Baracat, Jesus Paula Carvalho