Dados do Trabalho

TÍTULO

NEOVAGINOPLASTIA COM PELE DE TILÁPIA DO NILO EM PACIENTE PORTADORA DE DDS 46,XY: RELATO DE CASO

CONTEXTO

O DDS 46,XY é uma condição rara que pode ser decorrente de um distúrbio do desenvolvimento gonadal ou de biossíntese/ação androgênica. O tratamento consiste em cirurgia de feminização ou virilização a depender do DDS, bem como uso de terapia de reposição hormonal. Tratando-se de gônada disgenética, a gonadectomia é mandatória, devido ao risco de malignização. O presente trabalho documenta uma técnica inovadora de tratamento de pacientes com DDS 46,XY por meio do uso de Pele Liofilizada de Tilápia do Nilo (PLTN) para reconstrução vaginal. Aprovação ética sob CAAE 58685022.1.0000.5050.

DESCRIÇÃO DO(S) CASO(S) ou da SÉRIE DE CASOS

Paciente admitida no serviço de Ginecologia e Endocrinologia aos 14 anos, em 2018, por ausência de caracteres sexuais secundários e amenorreia primária. Possuía agenesia vaginal e genitália ambígua majoritariamente feminina. US pélvica de janeiro de 2019 mostrou agenesia uterina e de ovários com imagens alongadas que correspondiam às vesículas seminais, e diagnóstico genético de fevereiro de 2019, revelou disgenesia gonadal 46,XY forma parcial. Em março de 2020, submetida à gonadectomia bilateral videolaparoscópica e clitoridoplastia, comprovando-se ausência de útero e anexos, com presença de gônada direita masculina parcialmente diferenciada no canal inguinal direito e gônada em fita no canal inguinal esquerdo. Histopatológico da gônada à direita revelou presença de epidídimo, túbulos seminíferos com células de Sertoli, sem espermatogônias ou espermatócitos e agrupamentos de permeio de células de Leydig. Na gônada esquerda, evidenciou-se tecido conjuntivo (gônada disgenética). Em novembro de 2022, realizou neovaginoplastia com Pele Liofilizada de Tilápia do Nilo (PLTN), com aposição de molde envolto por PLTN para formação de uma neovagina de 10 cm de comprimento. Pós-operatório sem intercorrências. No acompanhamento ambulatorial, iniciou o uso de moldes para dilatar e manter a perviedade do canal. Em 6 meses de cirurgia, comprimento vaginal de 10cm, sem queixas de corrimento, dor ou problemas urinários. Continua terapia hormonal com valerato de estradiol (2 mg/dia).

COMENTÁRIOS

Relato pioneiro ao documentar o tratamento inovador para a agenesia vaginal em pacientes com DDS 46,XY após uso da PLTN como o aloenxerto. Na Literatura, a pele de tilápia começou a ser empregada recentemente como matriz dérmica para cicatrização de queimaduras e vem apresentando resultados promissores na neovaginoplastia.

PALAVRAS-CHAVE

Transtorno 46,XY do desenvolvimento sexual; Disgenesia Gonadal 46,XY; Vaginoplastia; Tilápia; Neovagina.

Área

GINECOLOGIA - Cirurgia Ginecológica