61º Congresso de Ginecologia e Obstetrícia da Febrasgo – CBGO 2023

Dados do Trabalho


TÍTULO

Primeiro caso de nascimento mundial após transposição uterina para tratamento de câncer cervical

CONTEXTO

O câncer de colo do útero é uma das principais causas de morte relacionadas ao câncer em mulheres em todo o mundo. Cerca de 38% dos casos são diagnosticados em pacientes com até 45 anos, o que torna os tratamentos que preservam a fertilidade uma questão relevante. Recentemente, Ribeiro et al. (2017) relataram uma alternativa para preservar o útero e os ovários dos efeitos adversos da radioterapia pélvica, conhecida como transposição uterina (TU). No entanto, os resultados oncológicos e obstétricos dessa abordagem para o tratamento do câncer ginecológico ainda precisam ser respaldados. É importante ressaltar que este é o primeiro relato de gravidez espontânea e nascimento após a transposição uterina para o tratamento do câncer ginecológico.

DESCRIÇÃO DO(S) CASO(S) ou da SÉRIE DE CASOS

Apresentamos o relato de todo o processo de tratamento de uma paciente de 30 anos que foi diagnosticada com câncer de colo do útero (adenocarcinoma em estágio IIIC1mi de acordo com a classificação FIGO 2018). Essa paciente passou por um procedimento de Transposição Uterina. Após 14 meses de tratamento quimiorradioterápico e reposição uterina, ela conseguiu engravidar de forma espontânea. Para garantir a estabilidade da gestação, uma dupla cerclagem robótica foi realizada com 13 semanas, após uma ultrassonografia que apresentou resultados normais. A gravidez prosseguiu sem complicações.

COMENTÁRIOS

O primeiro caso de nascimento global após a transposição uterina para câncer de colo do útero ocorreu de maneira espontânea, sem o uso de técnicas de reprodução assistida. A criança alcançou um desenvolvimento neuro-psicomotor normal aos 6 meses de idade. A paciente continua sendo acompanhada em seu tratamento oncológico, sem evidências de doença por mais de 24 meses.

A transposição uterina parece favorecer a preservação da fertilidade e a possibilidade de gravidez espontânea em mulheres que necessitam de radioterapia pélvica. A alta incidência de câncer de colo do útero em mulheres jovens e o adiamento da maternidade ressaltam a importância de aprimorar as técnicas de preservação da fertilidade. Quando não há presença residual de neoplasia cervical, a transposição uterina pode ser considerada como uma opção para a preservação da fertilidade. É fundamental obter uma melhor definição dos diversos aspectos essenciais desse procedimento, e um acompanhamento de longo prazo se faz necessário para avaliar os desfechos oncológicos e reprodutivos associados a essa estratégia.

PALAVRAS-CHAVE

câncer de colo do útero; transposição uterina; preservação da fertilidade;

Área

GINECOLOGIA - Oncologia Ginecológica

Autores

Renato Moretti-Marques, Pedro Ernesto C de Cillo, Ive Franca, Vanessa Alvarenga-Bezerra, Priscila de Moura Queiroz, Nam Jin Kim, Fernando de Souza Nobrega, Reitan Ribeiro