61º Congresso de Ginecologia e Obstetrícia da Febrasgo – CBGO 2023

Dados do Trabalho


TÍTULO

Gestação de alto risco em portadora de hipertensão arterial pulmonar grave associada ao HIV: um relato de caso.

CONTEXTO

Pacientes portadores do vírus da imunodeficiência humana (HIV) possuem hipertensão arterial pulmonar (HAP) como complicação em 0,5% dos casos. Esta, representa contraindicação absoluta à gravidez, tendo alta mortalidade durante a gestação (25 a 50%), devido a dificuldade de adaptação da vasculatura pulmonar na sobrecarga de volume fisiológico gestacional. As complicações decorrem de insuficiência cardíaca direita, crise hipertensiva pulmonar, tromboembolismo e pré-eclâmpsia. O risco fetal é consequência da cianose materna durante o curso da gravidez, pois a queda na resistência vascular sistêmica aumenta o shunt direita-esquerda.

DESCRIÇÃO DO(S) CASO(S) ou da SÉRIE DE CASOS

Paciente feminina, 38 anos, G2P0A1, iniciado pré natal com 7s0d. Hipertensa crônica, obesa, ex tabagista, e com diagnóstico de HAP severa associada ao HIV (carga viral indetectável). Em ecocardiograma (ECO) inicial, PSAP de 72 mmHg, com risco intermediário escore COMPERA, regurgitação mitral e pulmonar leves e tricúspide severa, associada à disfunção diastólica Grau 1 e cardiopatia Grupo IV. No diagnóstico da gestação foi suspenso ambrisentana devido aos efeitos teratogênicos e prescrito iloprosta, associada a sildenafila. Terapia antirretroviral mantida e ajustado tratamento anti-hipertensivo. Optado ainda por anticoagulação terapêutica com heparina de baixo peso molecular devido ao risco de evento tromboembólico. Realizado avaliação periódica do eletrocardiograma, ECO e do peptídeo natriurético tipo B. Sem maiores intercorrências, a equipe multidisciplinar optou internar a gestante com 32 semanas para vigilância diária de vitalidade materna e fetal. A interrupção da gestação foi com 34 semanas e 1 dia, via cesariana sob anestesia geral. Após, paciente encaminhada para Unidade de Terapia Intensiva, onde se manteve estável sem necessidade de medidas invasivas. Encaminhada a enfermaria no 2⁰ dia pós parto. O Apgar de nascimento foi 8/9, peso 1875g, recém-nascida encaminhada ao alojamento conjunto. Alta hospitalar no 7⁰ dia pós parto, com PSAP final de 94mmHg. Prescrito rivaroxabana, mantendo demais medicações e seguimento ambulatorial.

COMENTÁRIOS

São bem conhecidas as graves repercussões da hipertensão pulmonar na gestação, especialmente no período periparto, determinando com frequência o óbito materno. O caso relatado, porém, teve bom desfecho, sendo que os exames laboratoriais e a clinica se mantiveram estáveis. Dessa forma o diagnóstico precoce e planejamento apropriado do tratamento demonstraram sucesso na assistência pré natal e puerpério.

PALAVRAS-CHAVE

hipertensão pulmonar ; hiv ; gestação de alto risco; OMS IV; cardiopatias

Área

OBSTETRÍCIA - Gestação de alto risco

Autores

VIVIELLE VELOSO DE MOURA FE, Maria Aparecida Mazzutti Verlangieri Carmo, GABRIELLE DA SILVA PINTO, Leticya Lerner Lopes