61º Congresso de Ginecologia e Obstetrícia da Febrasgo – CBGO 2023

Dados do Trabalho


TÍTULO

Sangramento Uterino Anormal por Adenomiose em adolescente: um relato de caso

CONTEXTO

A queixa de sangramento uterino anormal (SUA) é frequente em 3-30% das mulheres em idade reprodutiva, impactando negativamente na qualidade de vida, e motivando abstenção laboral e redução da produtividade. A adenomiose é uma das causas estruturais para quadros de SUA, e ocorre quando o tecido glandular endometrial se desenvolve dentro do miométrio, cursando com dismenorreia, dispareunia e infertilidade. Estatisticamente a adenomiose possui maior incidência na faixa etária 41-45 anos e em mulheres negras não hispânicas. Há poucos registros de casos em adolescentes, sendo que um estudo realizado nos Estados Unidos da América demonstrou prevalência de 0,02% na faixa etária de 16-20 anos em 2015.

DESCRIÇÃO DO(S) CASO(S) ou da SÉRIE DE CASOS

Paciente de 16 anos, parda, nuligesta, menarca aos 12 anos. Apresenta menstruações regulares a cada 26 dias em média, com volume de sangramento intenso e duração prolongada por 10-15 dias, associado à dismenorreia, e consequente abstenção escolar e reclusão social. Informa resposta parcial à anti-inflamatórios não esteroidais e nega uso prévio de anticoncepcional hormonal. Ultrassonografia endovaginal evidenciou útero de dimensões aumentadas, com volume de 181 cc, miométrio heterogêneo, perda da estratificação habitual, com vários focos hipoecogênicos e pequenas áreas císticas de permeio. Hemograma mostra anemia com Hemoglobina 11,3 g/dL e hematócrito 34,2%. Ofertada inserção de Sistema intrauterino liberador de Levonorgestrel (SIU-LNG) 52mg sob sedação venosa. Ato realizado em bloco cirúrgico sem intercorrências e guiado por ultrassom pélvico.

COMENTÁRIOS

O diagnóstico definitivo da adenomiose é feito através de anatomopatológico após histerectomia. Porém, com avanços atuais dos exames de imagem, já é possível suposição desse diagnóstico de maneira não invasiva. Os principais achados da USGTV nos quadros de adenomiose são: áreas hipoecogênicas em miométrio, assimetria de parede uterina, cistos intramiometriais, e alterações na zona juncional do miométrio.

O tratamento para adenomiose em adolescentes se baseia em reduzir o volume do sangramento e controle da dor. Sabidamente os contraceptivos reversíveis de longa ação (do inglês LARC’s) são uma excelente opção para contracepção na adolescência, uma vez possuem alta eficácia e não dependem do uso ideal pela paciente. Nos casos de adolescentes com adenomiose, o SIU-LNG 52mg se apresenta como um dos melhores métodos disponíveis para controle dos sintomas e melhora da qualidade de vida.

PALAVRAS-CHAVE

Adolescência; Adenomiose; Contracepção; Dismenorreia

Área

GINECOLOGIA - Infância e Adolescência

Autores

Vitória Novaes, Lívia Leni Oliveira Nascimento, Marta Luisa Palomero Bueno, Thamires Isabella Souto, Fernanda Machado Diel, Luana Gonçalves Souza